segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Liquidação do Cruzeiro do Sul renova tensão entre bancos de menor porte

Investidores temem novas fraudes e apontam riscos em modelos de negócio que não se sustentam mais

 
 
Cruzeiro do Sul (Foto: Reprodução Internet)
 
A liquidação dos Bancos Cruzeiro do Sul e Prosper traz dúvidas sobre a saúde de outros bancos menores, avaliam analistas. Há dúvidas sobre a eventual existência de mais problemas e sobre o modelo de negócio seguido por algumas instituições financeiras.
O consenso no mercado é de que o processo de reestruturação dos bancos de menor porte não terminou e novas associações, aquisições e parceiras devem ocorrer nos próximos meses. Dados do Banco Central do primeiro trimestre mostram que ao menos quatro bancos de menor porte ainda p
recisam ser capitalizados.
 
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Ainda segundo o BC, duas instituições ainda não apresentaram os balanços auditados do primeiro e do segundo trimestre de 2012 - BVA e Rural. Os bancos não são obrigados a publicar balanços a cada trimestre, mas precisam fazê-lo no site do BC.
Na avaliação de analistas, o atraso na entrega desses resultados é um dos fatores que ajudam a alimentar rumores sobre a saúde de instituições financeiras. O presidente do banco BVA, Ivo Lodo, disse que o balanço dos dois trimestres será divulgado nos próximos 10 dias.
"Fizemos vários ajustes em provisões e em relação a exercícios anteriores que acabaram atrasando o trabalho da auditoria", explicou. Ele frisou que os números do BVA referentes aos dois primeiros trimestre de 2012 estão disponíveis no site do BC. Mas são dados sem o carimbo da auditoria externa. Lodo também reafirmou que o banco terá uma capitalização de R$ 300 milhões até o fim de setembro.
O Banco Rural informou, por meio da assessoria de imprensa, que "a publicação do balanço está prevista para ser realizada entre os dias 20 e 30 deste mês". "O atraso se deveu ao fato de o banco estar aguardando a conclusão de um aumento de capital que acaba de ser homologado pelo Banco Central.
Ontem (14/09), o BC decretou a liquidação extrajudicial dos bancos Cruzeiro do Sul S.A, com sede em São Paulo, e Prosper S.A, com sede no Rio de Janeiro. O Banco Cruzeiro do Sul estava em Regime de Administração Especial Temporária (RAET), desde 4 de junho.
A instituição financeira detinha perto de 0,25% dos ativos do sistema bancário e 0,35% dos depósitos. O liquidação abrange a controladora do Banco Cruzeiro do Sul, a Cruzeiro do Sul Holding Financeira S.A., e as empresas Cruzeiro do Sul S.A Corretora de Valores e Mercadorias; Cruzeiro do Sul S.A. DTVM e Cruzeiro do Sul S.A. Companhia Securitizadora de Créditos Financeiros.
Já a liquidação do Banco Prosper, que teve proposta de mudança de controle para o Banco Cruzeiro do Sul não aprovada pelo Banco Central, foi decretada por causa dos sucessivos prejuízos que vinham expondo seus credores a risco anormal, deficiência patrimonial e descumprimento de normas aplicáveis ao sistema financeiro.
O Banco Prosper detinha aproximadamente 0,01% dos ativos do sistema bancário e 0,01% dos depósitos. O Banco Central informa que do total de depósitos à vista e a prazo do Banco Cruzeiro do Sul e do Banco Prosper, em torno de 35% e de 60%, respectivamente, contam com garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). O BC informa ainda que continuará tomando todas as medidas cabíveis para apurar as responsabilidades, nos termos de suas competências legais.
 
Em menos de 2 anos, 6 bancos quebrados
Com a liquidação dos bancos Cruzeiro do Sul e Prosper, decretada ontem pelo BC, passou para seis o número de instituições financeiras que quebraram no Brasil em menos de dois anos. Quatro delas - Panamericano, Schahin, Morada e o próprio Cruzeiro do Sul - fraudavam seus balanços para esconder do público rombos que totalizavam quase R$ 9 bilhões.
O destino dos bancos quebrados não foi o mesmo para todos. Panamericano, Schahin e Matone foram socorridos com dinheiro do FGC e passados para outras instituições. O Morada até agora era o único do grupo a sofrer liquidação.
O Cruzeiro do Sul, que tinha um buraco de R$ 3,1 bilhões, estava sob intervenção do BC desde o início de junho. Para continuar funcionando, precisava ser vendido para outro banco pelo FGC, que assumiu a gestão a pedido do BC. Como as negociações com o único interessado - Santander - não prosperaram, o BC liquidou a instituição .
O Prosper teve o mesmo destino porque, no fim do ano passado, tinha sido comprado pelo Cruzeiro do Sul. O BC, no entanto, ainda não havia dado o sinal verde para a operação. Por isso, os bens dos controladores e ex-administradores do Prosper ficaram indisponíveis, como já estavam os do Cruzeiro do Sul.
Juntos, os dois bancos detinham 0,36% dos depósitos e 0,26% dos ativos do sistema financeiro. Ainda segundo o BC, 35% dos depósitos à vista do Cruzeiro do Sul estavam cobertos pelo FGC. No caso do Prosper, eram 60%. Ou seja, esses depositantes não vão perder seu dinheiro com a liquidação. A despesa total do FGC com a operação é estimada em R$ 2,2 bilhões.
"O sistema financeiro nacional está saudável, hígido e tem elevados índices de capitalização", disse ao Estado o procurador-geral do BC, Isaac Sidney Menezes Ferreira. Segundo ele, os problemas dos últimos meses foram relevantes, mas pontuais, e "sem repercussão sistêmica".
Fonte:- Globo.com *Com informações da Agência Estado

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